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Preço da gasolina cai, mas não para consumidor

Em Canoinhas média do preço segue até 10% maior que em Porto União

Edinei Wassoaski

CANOINHAS
 
Não vai ser dessa vez que os canoinhenses verão o preço dos combustíveis baixarem nos postos de gasolina.
Anúncio do ministro da Fazenda Guido Mantega na segunda-feira, 8, estabelece que a gasolina terá redução de 4,5% no preço, e o diesel, de 15%. Mas só parte da queda na refinaria será repassada ao consumidor, e somente no diesel, porque o governo também aumentou a tributação sobre esses derivados.
A expectativa da Fazenda é que o preço da gasolina não mude nos postos e ele embolse a diferença via tributação. Para o diesel, mesmo com aumento da carga fiscal, o governo espera redução média de 9,6%. É a primeira redução de preços praticada pela estatal desde abril de 2003.
Os novos preços já estão em vigor, mas não necessariamente serão praticados pelos postos da forma esperada pelo governo. No Brasil, o mercado é livre. A Petrobras fixa o preço na refinaria, mas distribuidoras e revendedores (postos) determinam seus preços em função do mercado local. A liberdade gera distorções a poucos quilômetros de distância. Em Canoinhas, por exemplo, há pouca variação de preço da gasolina, que vai de R$ 2,65 a R$ 2,69 o litro, dependendo do posto. Em Porto União, a 70 quilômetros de Canoinhas, o litro da gasolina sai entre R$ 2,41 e R$ 2,49.
A última alteração feita pela Petrobras na gasolina e no diesel aconteceu em maio do ano passado. Na ocasião, a gasolina subiu 10%, e o diesel, 15%. Quando foram realizados os reajustes, o governo reduziu a Cide (tributo cobrado sobre o consumo de combustíveis) para evitar impacto nos preços.
Agora, com queda na arrecadação por causa da crise, voltou a aumentar as alíquotas. Com isso, espera arrecadação extra de R$ 1,7 bilhão neste ano.
 
TRIBUTO
 
Os recursos da Cide, divididos com Estados e municípios, devem, entre outras destinações, ser usados em melhoria das estradas. Asfaltos como o que dá acesso a Bela Vista do Toldo e ao distrito de Marcílio Dias foram construídos com recursos da Cide.
Assim como em maio, houve preocupação com a inflação: a alíquota da Cide da gasolina não chegou ao nível anterior à redução de maio, segundo nota da Fazenda, para evitar elevação do preço do combustível ao consumidor.
No Brasil, cerca de 60% da carga é movimentada por meio de caminhões que usam diesel, e a redução do combustível deve ter impacto na inflação, reduzindo pressão nos preços.
A redução de preços ocorre cerca de dois meses e meio depois de o presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli, ter rechaçado, em audiência no Senado, redução de preços. Na ocasião, Gabrielli chegou a dizer que a gasolina estava mais barata do que água mineral. No dia seguinte, em nova audiência, na Câmara, ele mudou o tom e afirmou que as reduções aconteceriam ainda em 2009.
Em tese, os preços dos derivados vendidos pela Petrobras no Brasil deveriam acompanhar o custo de importação, para amenizar o poder de mercado da empresa. Na prática, a política de preços da estatal não é tão clara. O preço do petróleo já estava em queda havia vários meses, mas a Petrobras se recusava a cobrar menos pelos derivados, alegando que havia muita oscilação e que a política da empresa é não repassar essa volatilidade ao mercado.
Gabrielli disse essa semana que a decisão de reduzir os preços foi técnica, não política.
Em maio de 2008, quando houve o último aumento de derivados no Brasil, o barril de petróleo tipo Brent estava cotado a cerca de US$ 110. Esta semana variou perto de US$ 68.
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